a realidade transcrita em palavras...
a definição que encontrei de mundo, meu mundo...
o lugar onde expresso o meu interior, sem críticas externas...sem opiniões adversas...ser apenas eu...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"Relato de Escritor"



...nascer, crescer, reproduzir, envelhecer, morrer...
A vida, segundo a grande maioria das pessoas, se resume basicamente nessas cinco palavras, mas não existe uma só palavra que diga o que a vida realmente é. Amor, fé, esperança, justiça, paz..., toda gama de abstratos da carne que revelam nossa alma são pedaços pequenos que formam o sentido de viver.
Quando eu comecei a escrever, eu não escrevia: fazia apenas rabiscos em pequenas folhas de papel sujas pelas minhas mãos e dava-as aos meus pais como cartas que confessavam amor e gratidão. Eles as tiravam dos meus dedos de seis anos e, sem perguntar o que queria dizer todo aquele garrancho, eles me abraçavam e diziam que me amavam também. Naquele papel que eu entregava não haviam palavras escritas pelo alfabeto, mas sim as palavras que podiam fazer meus zelosos protetores se sentirem amados. Foi daí que eu percebi que palavras não são escritas ou interpretadas com códigos, mas sim com os sentimentos. Tanto os artistas de belas artes como os autores de grandes obras sabem bem disso: o que revela suas obras ao público não são apenas beleza, graça ou a quase perfeição, mas sim suas almas. As almas são as portas e as janelas dos sentimentos da carne, e sentir implica sempre em dar ao mundo frutos de nossa obra; e a maior delas – diga-se de passagem – muitos não dão o devido valor: a vida, viver!
Mas qual o laço que liga o escrever ao viver? A resposta a essa pergunta é tão simples que quase ninguém consegue entender: quando nascemos para o tempo, ocupamos um espaço com nossos corpos sobre a Terra, deixamos pegadas na história, escrevemos todos os dias mais uma página do grande romance chamado "A História da Humanidade". Estudamos História nas escolas: os grandes feitos, as vitórias e derrotas, o caos, a escravidão... tudo foi escrito por homens pelo tempo e pelas esfinges da memória. A história pode até ser esquecida, mas o tempo não apaga nada. Assim, o que foi para sempre será, pois ao tempo nada foge, mas as vezes ele muda tudo.
Se eu perguntar a alguém quando esta pessoa começou a escrever, certamente ela dirá entre sete e nove anos de idade, a idade mais comum para se aprender o mundo das palavras em código escrito. E muitas infelizmente vão dizer que nunca aprenderam a escrever. Mas sabe de uma coisa: todas essas pessoas estão erradas! Nós escrevemos desde o nascimento até a morte. Não são apenas os grandes que deixam pegadas na história, mas os pequenos também tem pés para caminhar pela vida. Afinal, as pirâmides não flutuam no ar: elas precisam de uma base.



Rodrigo Ferreira, 10/08/2009, 00:20.

Nenhum comentário: